Multinaturalismo e Perspectivismo Ameríndio
Breves considerações sobre o Multinaturalismo
Duas breves considerações sobre o tema:
1 Em suma, o conceito, segundo Eduardo Viveiros de Castro, “trata-se da concepção, comum a muitos povos do continente, segundo a qual o mundo é habitado por diferentes espécies de sujeitos ou pessoas, humanas e não humanas, que o apreendem segundo pontos de vistas distintos (VIVEIROS DE CASTRO, 2002, p. 347).
2 “O perspectivismo não é um relativismo, mas um multinaturalismo. O relativismo cultural, mm multiculturalismo, supõe uma diversidade de representações subjetivas e parciais, incidentes sobre uma natureza externa, uma e total, indiferente à representação; os ameríndios propõem o oposto: uma unidade representativa ou fenomenológica puramente pronominal, aplicada indiferentemente sobre uma diversidade real. Uma só “cultura”, múltiplas “naturezas”; epistemologia constante, ontologia variável – o perspectivismo é um multinaturalismo, pois uma perspectiva não é uma representação.” (VIVEIROS DE CASTRO, 2002, p. 379).
Perspectivismo e centros de consciência
“… o perspectivismo ameríndio procede segundo o princípio de que o ponto de vista cria o sujeito; será sujeito quem se encontrar ativado ou ‘agenciado’ pelo ponto de vista.” (VIVEIROS DE CASTRO, 2002, p. 373)
Cultura e Natureza
Quer saber mais?
Se você quer aprender mesmo sobre o assunto, não tem jeito, é preciso se aprofundar nas leituras. Abaixo deixamos algumas referências que podem ajudar a compreender complexidade do tema.
Referências
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem / Claude Lévi-Strauss; Tradução: Tânia Pellegrini – Campinas: Papirus, 1989.
LIMA, Tânia Stolze. O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi. Revista MANA 2(2):21-47, 1996.
PEIRCE, Charlie Sandres. Semiótica. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010. Tradução de: José Teixeira Coelho Neto.
TARDE, Gabriel. Monadologia e sociologia: e outros ensaios. São Paulo: Editora Unesp, 2018.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
______. A revolução faz o bom tempo. Realização de Os Mil Nomes de Gaia. Rio de Janeiro, 2015. Son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CjbU1jO6rmE>. Acesso em: 23 set. 2017.
______. Arawete: Os deuses canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
______. Eduardo Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2007. (Encontros).
______. O recado da mata. In: KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 729 p. Tradução de: Beatriz Perrone-Moisés.
Como citar este artigo
MACHADO, Ricardo de Jesus. Multinaturalismo e Perspectivismo Ameríndio. 2020. Elaborado por Antropofagias. Disponível em: https://antropofagias.com.br/semiotica-da-cultura/. Acesso em: 13 abr. 2020.