Claro enigma, um primoroso livro de Drummond
rico machado
“Que pode uma criatura senão, entre criaturas amar?”
Carlos Drummond de Andrade
A frase que abre este texto é conhecida e seu autor ainda mais: Carlos Drummond de Andrade. O trecho são as duas primeiras linhas de amar, poema que consta na seção “notícias amorosas” do primoroso livro “claro enigma.”
Estou muito longe de ser um especialista em Drummond ou em poesia, mas esse livro sempre merece ser debatido e apresentado. A obra foi o sétimo livro lançado pelo autor. O nome – Claro enigma – condensa as contradições e os paradoxos que serão trabalhados internamente nos poemas.
Nas linhas que se seguem à primeira estrofe de “amar”, tema com o qual abrimos esse vídeo, o poeta escreve.
Amar e esquecer, amar e malamar
Carlos Drummond de Andrade
Amar, desamar, amar?
Ao todo 41 textos compõem a edição. No poema Ser, Drummond escreve ao começo.
O filho que não fiz
Carlos Drummond de Andrade
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
A obra pertence à segunda fase do Modernismo brasileiro. Versa sobre amor, mas também faz sua crítica sociopolítica e traz textos de caráter mais existencial.
O poema Memória é um texto curto, com quatro estrofes de três linhas, mas muito impactante. Nas duas últimas Drummond escreve.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.Mas as coisas findas,
Carlos Drummond de Andrade
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Claro enigma, Carlos Drummond de Andrade
Claro engima foi publicado em 1951 pela editora José Olímpío. A edição que serve de referência para este texto é um volume com 23 livros de Carlos Drummond de Andrade, publicado pela Companhia das Letras, em 2015.
São mais de 900 páginas com centenas de poemas do poeta mineiro, nascido em Itabira.