Publicações


Tese

Semiofagias canibais: o ponto de vista da alteridade a partir de uma abordagem semiósica-multinaturalista da cultura (Tese doutoral)

Acesse a íntegra. A presente tese se inspira no pensamento indígena perspectivista com o propósito de produzir aproximações e tensionamentos entre a Semiótica da Cultura, a Antropofagia e o Multinaturalismo, com vistas à construção de uma abordagem semiósica-multinaturalista da cultura à qual denominamos semiofagias canibais. O problema de pesquisa que serviu de delimitador e orientador da condução do trabalho é o seguinte: Como se configuram e quais são os princípios das semiotizações indígenas baseadas num pensamento semiósicomultinaturalista da cultura e como ele pode tensionar a comunicação e a semiótica? Nessa mesma via se configura o objetivo geral que visa formular e descrever uma abordagem semiósica-multinaturalista da cultura, a partir das interações teóricas e pragmáticas empreendidas por seus eixos fundantes. Os objetivos específicos complementam o problema e o objetivo geral à medida que apresentam os fundamentos que sustentam as teorizações basilares. Neste sentido, dividimos este estudo em quatro capítulos teóricos, nos quais os três primeiros – Semiótica da Cultura, Antropofagia e Multinaturalismo – abordam em profundidade os pilares conceituais da tese, e no quarto – semiofagias canibais – construímos uma teorização conceitual-pragmática que visa responder ampla e objetivamente o problema de pesquisa. Em termos de estrutura metodológica, a investigação se organiza fundamentalmente pela pesquisa bibliográfica dos três eixos que compõem a investigação basilar e também pela pesquisa documental que trouxe complementação para as reflexões a partir de entrevistas e eventos com pensadores indígenas e acadêmicos interessados pelo tema, filmes e bibliografia especializada sobre as conceitualizações fundantes. Entre os resultados da pesquisa podemos apontar que as semiofagias canibais articulam seis princípios que envolvem identificar o humano de uma dada relação semiótica, reconhecer as distintas modelizações desde diferentes naturezas, perceber as relações comunicacionais baseadas na inimizade indígena, considerar a equivocidade inerente às semiotizações semiofágicas canibais, repensar os próprios sistemas semióticos a partir da alteridade e levar em conta a diferOnça como a diferença transitória próprias das semioses canibais.

Artigos Acadêmicos

Semioses da ayahuasca: transes e trânsitos entre o saber ancestral e a Semiótica da Cultura

folha rosto artigo semioses da ayahuasca

O artigo se articula à pesquisa de doutorado, buscando uma inter-relação entre os saberes ancestrais ameríndios e a ciência em seu sentido canônico, a partir da participação em um ritual de ayahuasca como forma de aproximação empírica a um dos domínios do universo ameríndio. Tal provocação se insere em um contexto metodológico de múltiplas afetações e afecções com as cosmologias dos povos tradicionais, traço que tem marcado a trajetória da pesquisa de doutorado recém concluída, o que inclui visitações a comunidades indígenas, leituras desses autores e o cruzamento das teorias da Comunicação em atravessamento com a Antropologia.

Constância antropofágica e inconstância dos corpos

Constância antropofágica e inconstância dos corpos

Este ensaio se orienta por uma hipótese relacional aparentemente banal e desconexa, mas que demonstra como algo que é visto, em princípio, como totalmente alheio à Comunicação está diretamente relacionado à possibilidade, hoje, dos inúmeros estudos de linguagem. Trata-se da antropofagia30 como uma dinâmica constante da vida neste planeta, mas cuja inconstância dos corpos está manifesta em sua abundante multiplicidade. Reconhecendo os corpos como a moldura primeira31 (mas não única) pelas quais o mundo é visto e interpretado, torna-se lógico compreender que a variedade de suas formas de apreensão, compreensão e representação dependem da variedade dos corpos que o habitam e conformam.

Semioses em crise: problematizações entre a Semiótica da Cultura e o Perspectivismo ameríndio

O objetivo deste artigo é dar início a uma problematização sobre as interrelações possíveis entre a Semiótica da Cultura (russa) e o Perspectivismo Ameríndio com vistas a compor chaves de interpretação de dinâmicas interculturais de sociedades que não se enquadram à cultura ocidental hegemônica. Busca-se interpelar a compreensão dos processos de comunicação com vistas às semioses a partir de reflexões sobre o tema da antropofagia/canibalismo na cultura dos povos da floresta. Desde já entendemos que é preciso haver um considerável deslocamento para a compreensão das semioses, dos processos de significação, do entendimento das linguagens, da organização dos códigos e do pensamento de uma cultura ameríndia, tendo em vista a reflexão sobre um ambiente extracultural em relação a cultura em que se inserem os pesquisadores. O argumento desse texto se encaminha para defender o fato de que há uma construção semiótica coerente e diferenciada que pode ser estudada nas construções de semioses dos corpos nas culturas indígenas brasileiras e que aqui denominamos semiofagia-um misto de semiótica e antropofagia que ganha força pelo perspectivismo ameríndio.

A Ciência no altar da devoração: antropofagia epistêmica e metodologia

Este texto não pretende, de forma alguma, produzir uma ciência maior, aquela escrita com “c” maiúsculo1. Tampouco se colocar como oposição binária ao modelo científico hegemonizado, pautado sobretudo pela produtividade, e muito menos aos autores que por ele se orientam. Trata-se de um ensaio que se inspira no sofisticado pensamento dos povos ameríndios ou, se preferir, dos povos menores. Menores, não piores, porque alheios ao paradigma do desenvolvimento. Pauta-se por aquilo que Viveiros de Castro definiu como uma espécie de anarquismo ontológico, caracterizado por uma postura radicalmente crítica ao que seria possível chamar de santíssima trindade Moderna: “O Estado, pai; o Mercado, filho; a Razão, espírito santo” (VIVEIROS DE CASTRO, 2018).

Semiofagias Selvagens – Perspectivas de uma semiótica multinaturalista

O presente artigo se propõe a apresentar as interrelações entre a semiótica da cultura, a antropofagia e o perspectivismo, em busca de uma aproximação teórica que permitiria investigar e possibilidade de se formular aquilo que seria uma semiótica multinaturalista. O texto se fundamenta principalmente nos trabalhos de Iuri Lotman, Oswald de Andrade e Eduardo Viveiros de Castro, buscando compreender como estes diferentes campos do conhecimento se interconectam na tentativa de construção de uma semiótica baseada nas cosmologias e ontologias ameríndias.


Jornal Correio do Povo

Oswald de Andrade e a (re)existência da alegria desobediente

O nosso maior fracasso civilizacional e infortúnio foram os portugueses terem aportado no litoral de Pindorama em um dia de chuva e, com isso, terem vestido os índios. Se naquele 22 de abril de 1500 o sol brilhasse nas paradisíacas praias de Porto Seguro, na Bahia de todos os Santos, os indígenas teriam despido os desbravadores e o Brasil seria outro. A hipótese, que é antes um chiste que um relato histórico, é de Oswald de Andrade em seu “Manifesto Atropófago”, completados 90 anos no mês de maio.


Revista IHU On-Line

Ontologias Anarquistas

Retomar o pensamento dos povos nativos do Brasil em uma perspectiva de reflexão teórica profunda exige desestabilizar o cânone de uma forma de estar no mundo baseada exclusivamente na lógica predicativa. Pensar para além da obsessão do ente foi um exercício, em alguma medida, tentado por uma vertente do Modernismo Brasileiro, que encontrou nas cosmologias ameríndias a inspiração para um movimento ético, estético e teórico que dá tintas tropicais a um pensamento tipicamente brasileiro. Dentro desta perspectiva, a presente edição da revista IHU On-Line reúne uma série de entrevistas que tratam de literatura a política, de arte a filosofia, para pensar a contemporaneidade.

Ore Ywy – A necessidade de construir uma outra relação com a nossa terra

A expressão Guarani Ore Ywy, que dá nome a esta edição, de acordo com a tradução da professora Sandra Benitez, significa “nossa terra”. Esse é o mote que costura as entrevistas do tema de capa da presente edição da revista IHU On-Line, que reúne entrevistados indígenas de várias etnias. Eles compõem, apesar da riqueza de perspectivas, apenas uma parcela do universo de mais de 300 comunidades indígenas no Brasil, com cerca de 180 idiomas. Tal multiplicidade vai na contramão dos reducionismos indolentes da civilização ocidental, a qual, como Narciso, nada vê diante dos olhos senão a si própria. Por meio de uma cosmovisão atravessada pela arte, pela espiritualidade e pela razão ameríndia, os entrevistados debatem sobre os desafios e dilemas contemporâneos da nossa terra.


Vídeos

Da semiótica às semiofagias. Comunicação e multinaturalismo indígena


Diálogos – Semiofagias Canibais (com Ricardo Machado)


Pesquisa em Pauta: Gabriela, Yvets, Ricardo


Pesquisa em Pauta | Grupo Corporalidades


Eu como outro: ensaio de antropofagia filosófica | Conversações Filosóficas


Pensamento da Catástrofe | I Seminário Filosofia do Fim do Mundo



No tempo das catástrofes – Obra de Isabelle Stengers | IHU Ideias